PORQUE, ARTE FORMA INDIVIDUAL DE EXPRESSÃO?


         Lendo o livro, Modo de ver de John Berger, acabamos refletindo sobre a nossa própria visão de mundo. Conforme este autor: Olhar é um ato de escolha. A percepção de qualquer imagem é afetada pelo que sabemos ou pelo que acreditamos. Assim, é possível entender que toda imagem incorpora uma forma de ver. Os nus europeus, por exemplo, pintados como se a mulher estivesse a serviço do desejo do espectador (geralmente masculino), pressupõe um relacionamento desigual presente até hoje na nossa cultura, de que homens e mulheres têm presenças sociais diferentes e agem como tal. Depois de estabelecer a clara relação entre olhar e possuir, John Berger e seus amigos constatam que elas não são apenas um conjunto de visões competindo umas com as outras. A imagem publicitária é uma continuidade direta da pintura a óleo, uma vez que, tanto quanto aquela forma de arte, ela é a celebração da propriedade privada. Modos de ver  treina o olho do leitor/espectador para que ele desperte para as mensagens, explícitas ou não, dos signos à sua volta. Contudo,se recorrermos as palavras de Ostrower entenderemos que: “A percepção humana é individual, e funciona num processo ativo e participativo, altamente dinâmico e característico da consciência humana e de nossos hábitos. É uma ação, que reflete uma sensação, é tida como uma das principais vias de acesso ao conhecimento sensível, e possui duas abordagens distintas, através da experimentação e do conhecimento intelectual.” Funciona alcançando nosso inconsciente, articulando e trazendo-as ao consciente associado e motivando o inteligente, imaginativo e criativo. Perceber é sinônimo de compreender, de ser conhecer. Não basta ao ser humano, a descrição das ações do dia-a-dia, é necessário apreender as significações destas ações, uma vez que, estas lhe possibilitam interpretações variadas e individuais da exploração das sensibilidades. Existe um lapso complicado, “entre o eu e as minhas convicções”, sempre abaladas por decisões externas de sistemas e regras, que nos rodeiam. Cada um de nós busca de forma pessoal, expressar sua diferente maneira de ver através de seus atos e opiniões, quanto a arte, retratamos nas nossas realizações artísticas tornando assim, nossos trabalhos bem diferenciados. Essas diferenças são caracterizadas pelas diversas percepções de cada indivíduo. A arte, imagem, memória e intenção artística, estabelecem relações, tendo as representações simbólicas em suas dimensões individuais, inseridas no contexto das relações sociais. Nossas escolhas se tornarão mais claras, a medida que aprendemos mais sobre nós mesmos,contudo, nunca será possível definí-la com exatidão ,pois somos seres mutáveis e pensantes e a medida que conhecemos ou amadurecemos mudamos nossas opiniões ou conceitos ,como diria o cantor Raul Seixas,”Eu  prefiro ser uma metamorfose ambulante”.A rotina de descobrir um lado da nossa personalidade no final de cada experiência nos acompanhará durante toda a nossa vida. Nossa identidade, portanto, é produto de cada vivência corporal, que envolve o meio ambiente, e os contextos familiares, religiosos, regionais, entre outros no qual estamos inseridos, proporcionando uma relação intensa entre nós e aquilo que percebemos na arte.
(Texto adaptado por Carmen Lucia G. R. Ramos)